6 de abril de 2010

maquinista de minha rotina
pouco percebo as horas
como se todas fossem uma só
e já me houvesse habituado
a vê-las passar maquinalmente
as horas se vão frias
inaudíveis entre o caos
do barulho das rodas
cruéis faiscando
pelo vidro amigos
amantes inimigos
se vão resolutos
como horas que passam
e sóis se deitam
e rodas faíscam
a vida passa
e eu nunca parei para ver


Thomaz Campacci

Coágulo

Deito-me no coágulo resultante
de uma noite que sangrara
através do corte pungente.

A cabeça afundo um pouco
sob o espumado oco
o sangue seco anoitecido.

Conforme no espumado coagulado
o corpo relaxando
mais para o corte vou indo.

Nas feridas eu confio
como se estivessem cicatrizadas
(e se vão abrindo cada vez mais).

Thomaz Campacci